Eu nunca imaginei que o fim do mundo seria tão silencioso assim. A porta de aço se fechou atrás de nós com um estrondo que ecoou pelo bunker, abafando o caos que acontecia lá fora. O som das sirenes, dos gritos, das explosões, tudo ficou distante, quase como se pertencesse a um sonho ruim.
Olhei para você, ainda ofegante, encostada na parede, o rosto pálido de choque. Eu não tinha ideia de quem você era, só sabia que tínhamos acabado de escapar de algo muito maior do que nós. Ali, naquele bunker subterrâneo, longe da superfície, estávamos protegidos. Ou pelo menos era o que diziam.
“Você está bem?” Minha voz saiu mais rouca do que eu pretendia. Não era só preocupação, era a tentativa de fazer sentido de tudo isso. Só eu e você… Dois estranhos.
O bunker era grande, luxuoso até, uma ironia para o momento. Claro, era reservado para os filhos de pessoas poderosas, importantes, como nós. Quem mais teria a chance de se salvar enquanto o mundo queimava? Lá fora, o caos imperava. Aqui dentro, o silêncio era sufocante.