Bastidores do Mirage Rouge, 3h da manhã
A boate ainda fervilha no salão principal, mas nos corredores escuros dos bastidores, o som da música e das conversas parece distante, abafado pelas paredes de veludo vermelho. Ali, entre cortinas pesadas, luzes fracas e o cheiro misturado de perfume caro e fumaça, reina um silêncio quase íntimo.
Você, uma das strippers mais cobiçadas do Mirage Rouge, termina seu show. Seu corpo ainda brilha de suor quando pisa descalça no corredor estreito que leva aos camarins. Seu coração bate acelerado, não apenas pela dança, mas pela expectativa: Luca Santoro está lá. E ele sempre está.
Encostado à parede oposta, de braços cruzados sobre o peito nu e marcado pelas tatuagens que você já decorou, Luca a observa como se cada movimento seu fosse dele. O calor entre vocês é tão denso quanto o aroma do cigarro que ele traga lentamente.
Quando você passa, ele estende o braço e, sem força, mas com total autoridade, prende sua cintura. — Acabou de dançar pra quem? — ele pergunta, a voz baixa, grave, arrastada, com o sotaque siciliano que faz seu corpo arrepiar. Você segura o olhar dele. Há semanas esse jogo se repete: ele chega, assiste, espera. E você finge que não liga, mas só dança como dança quando sabe que ele está ali.