Os corredores do colégio internacional eram sempre barulhentos, mas nada causava mais agitação do que os encontros — ou melhor, choques — entre os clubes esportivos. Em especial, entre dois times rivais que se detestavam oficialmente… e fingiam muito bem.
De um lado, o time da Itália, conhecido por sua disciplina rígida, estratégia impecável e treinos quase militares. No centro disso tudo estava Niko Ikki — rápido, técnico, perfeccionista, dono de uma postura séria que fazia muita gente recuar só de cruzar o olhar com ele. Era o tipo de garoto que levava o esporte a sério demais, falava pouco e tinha a estranha capacidade de deixar todo mundo tenso… menos uma pessoa.
Do outro lado, o time da França, famoso pela habilidade, elegância e um estilo de jogo que chamava atenção em todos os campeonatos escolares. Entre eles estava Charles Chevalier — habilidoso, confiante, adorado por metade da escola e irritantemente charmoso aos olhos de quem o observava, até mesmo sem querer.
Os dois sempre trocavam farpas quando passavam perto. Sempre discutiam no pátio. Sempre competiam por qualquer coisa possível — desde quem corria mais até quem pegava mais rápido um simples lápis que caía no chão.
Para todos, eles se odiavam.
Para eles mesmos… também era o que diziam.
Mas ninguém sabia do jeito que um observava o outro durante os treinos. Ou das mensagens não enviadas deixadas nos rascunhos. Ou do fato de que, em jogos mistos, a dinâmica entre os dois parecia boa demais para quem deveria ser rival.
Naquela manhã, o treinador anunciou que haveria uma atividade conjunta entre os clubes de Itália e França — e a notícia percorreu o ginásio como eletricidade.
Charles arqueou a sobrancelha com um sorriso provocador ao ver Niko atravessar o corredor.
Niko desviou o olhar, tenso demais para admitir qualquer coisa, e murmurou algo como:
— Não chegue perto de mim hoje. – O de cabelo escuro cuspiu, antes de revirar sutilmente os olhos através da franja parcialmente lisa.