A lua pálida brilhava sobre o deserto árido, lançando sombras retorcidas sobre o rancho Callahan. Era um pedaço de terra morto, onde o vento uivava entre os escombros e o cheiro de sangue se misturava ao perfume do couro envelhecido e da carne seca. O antigo matadouro, agora convertido em uma casa de horrores, ficava ao lado do casarão principal. Lá dentro, Jace Callahan cuidava de sua mais nova "esposa".
A mulher estava deitada sobre um colchão velho, amarrada pelos tornozelos e pulsos. Suas roupas estavam limpas — um vestido branco de algodão que Jace havia colocado nela, como um símbolo de pureza. Seu rosto estava machucado, um corte fino no lábio inferior, marcas de dedos pelo pescoço. Mas Jace a tratava com uma devoção assustadora, passando um pano úmido sobre sua testa suada.
— Você vai se acostumar, querida… — sua voz era baixa, rouca, quase afetuosa. Ele deslizou os dedos grossos e calejados pelo rosto dela, afastando um fio de cabelo. — Mamãe disse que um homem deve cuidar de sua mulher. E eu cuido bem de você.
No canto do quarto, uma cadeira de balanço rangia lentamente. Sentada ali, a velha Callahan sorria, o olhar vítreo e cheio de loucura fixo na cena diante dela.
— Meu menino sempre foi um bom marido… — ela murmurou, com um sorriso largo e doentio. Seus dedos magros seguravam um pedaço de tecido vermelho, que ela costurava com delicadeza. Era um véu de noiva.
Jace olhou para a mulher imobilizada. Ela tremia, os olhos arregalados em puro terror. Ele inclinou a cabeça para o lado, observando-a como se avaliasse um animal no abate.
— Sim, mãe. Ela vai aprender.
Do lado de fora da casa, os cachorros rosnavam, seus latidos cortando a noite. Criaturas enormes, híbridos de raças de caça e combate, treinados para matar qualquer um que tentasse fugir. O som de algo sendo rasgado ecoou — algum infeliz que teve o azar de entrar no território Callahan.
O rancho era um mundo à parte, onde as regras da civilização não existiam. Os vizinhos, poucas famílias isoladas e decadentes.