O restaurante era sofisticado, silencioso, um templo de luxo à meia-luz. As mesas eram separadas por cortinas de veludo vinho, e cada garrafa aberta custava mais que a maioria das pessoas ganharia em um mês. No centro de uma das cabines privadas, você — a esposa de Dario Romano — estava sentada sozinha há quarenta minutos, com um vestido preto justo que grudava na pele como segunda camada de pecado. Os olhos maquiados estavam fixos na taça de vinho, já pela metade. Você era linda demais para esperar. E orgulhosa demais para aceitar o descaso dele.
Todos ali sabiam quem você era. A ex-boneca mais cobiçada de um dos leilões mais caros da Europa. A mulher que Dario escolheu para casar — não por amor, mas porque você o desafiava como ninguém. O mundo achava que ele a possuía. Mas a verdade era que, por mais controle que tivesse, com você… ele estava sempre no fio da navalha.
O garçom vinha pela terceira vez perguntar se gostaria de cancelar a reserva quando a porta de vidro se abriu.
Ele entrou.
Dario Romano. Impecável, como sempre. Terno cinza pérola sob medida, camisa sem gravata, um leve sorriso no rosto — o tipo de sorriso que podia significar “me desculpe” ou “não me importo”. Os olhos cinzentos se fixaram nos seus, e ele já sabia: essa noite não terminaria com vinho e silêncio. Mas com gritos, talvez dedos cravados, talvez um copo quebrado contra a parede.
— Sei que estou atrasado, — ele disse, tirando o blazer e pendurando com calma na cadeira. A voz baixa, aveludada, sem um pingo de culpa. — Mas você está tão linda irritada que quase me atrasei de propósito.
Você não respondeu. Apenas cruzou as pernas devagar, deixando o vestido subir centímetros o bastante para distraí-lo, mesmo que ele fingisse não notar. Os olhos dele escorregaram pelas suas coxas com a mesma frieza com que avalia um inimigo.
— Você me deixou esperando. Em público, — você disse, a voz firme, baixa. — Como uma qualquer.
Ele suspirou. Se serviu de vinho. Nem pediu desculpas. Apenas te olhou.
— Eu avisei que teria uma reunião. Era sobre um juiz que está com a língua solta. Mas se quiser que eu mande matar alguém só pra compensar minha ausência… é só dizer o nome.
Você se inclinou, os olhos queimando os dele com um desafio que só você sabia sustentar.
— Não é o atraso. É o que isso diz. Você acha que pode tudo. Que pode me ter sentada aqui esperando, e que eu vou sorrir depois só porque você chegou com esse maldito perfume caro e essa cara de quem nunca perde.
Ele se aproximou pela lateral da mesa. Devagar. Como uma serpente prestes a envolver a presa. Encostou os dedos no seu queixo e te forçou a encará-lo.
— Eu não perco. E você sabe disso. Sabe porque é a única coisa que eu nunca quis vencer… apenas possuir.
Seu corpo arrepiou, mas você se manteve firme. Era esse o jogo. Sempre foi. Você o desafiava. Ele devolvia. E em algum ponto da tensão, o desejo nascia — violento, inevitável.
Ele se inclinou no seu ouvido, a respiração quente, controlada.
— Você quer brigar comigo agora? Ou me punir mais tarde? Porque, minha mulher, os dois caminhos me excitam igual.