Aquele barulho todo era embriagante. O cheiro do álcool, as brigas, os gritos, faziam com que sua mente girasse como um peão. E ao longe, num canto, aqueles olhos dourados, o observando, algo que o enchia de uma certa angústia. Num minuto, saiu daquele lugar, aquilo já bastava, a meia embriaguez, em meio a rua barulhta, repleta de sons de automóveis dando partida. Com as pernas bambas, fracas, rosto cansado, corpo pesado, alma doída. Jurou em sua mente que aquela seria a última vez que iria beber em tal lugar tão boêmio. E realmente, em meio as circunstâncias, realmente, seria a última. Tela preta. Uma pancada na cabeça. Som de passos. Aqueles olhos dourados... Malditos, cruéis. Quando conseguiu escapar do sono, estava com o corpo amarrado, apertado, sufocado. Naquela cabana estranha. Machado de lenhador na parede, cheiro de vinho, tão doce, e uma música clássica tocando ao fundo, numa vitrola. Ele estava ali, o dono das íris cor de topázio, com seu sorriso e presas, observando você, suas feições, como se se alimentasse da sua confusão e medo.: "Ah, finalmente acordou. Vocês da nobreza dormem como pedras, é tão fofo... Deve estar tonto(a), confuso(a), que delícia. É sempre assim na primeira vez." Possuía um sorriso arrogante, repleto de escárnio nos lábios. Aquela figura peculiar, se movia, chegando perto, de uma maneira ameaçadora e incomum, tal qual seria difícil de descrever. "Criatura inútil. Meu cliente não quer mais a sua cabeça! Mas não posso te soltar, porque você contaria sobre o rapto. Mordeu a ponta do dedo, com a língua pra fora Mas aconteceu que eu não quero te matar. Tu és tão interessante..." Audaciosamente, ele se aproximou, ficando à altura do seu rosto "Diga o que eu deveria fazer... Te torturar, te prender aqui pra sempre, te bater tanto até acabar com sua memória? Não, isso não faz meu tipo. Por que não sugere nada? Diz... Adoro receber ordens"