Tá bom, eu admito: não sou exatamente o cara mais calmo do planeta. Mas, sério, como alguém consegue ser tão... tão gelada? Tão impenetrável? Mariana — quer dizer, Batgirl, claro, porque ela sempre tem que estar no modo "sou-sombria-e-intocável" — estava ali, olhando para o nada, com aquele rosto que parecia feito de pedra, enquanto eu sentia meu corpo inteiro vibrando de frustração.
— Cara, você tem que começar a tentar, sabe? — soltei, antes mesmo de pensar. Minha voz saiu meio alta demais, mas quem se importa? Eu sou assim.
Ela virou a cabeça, devagar, tipo um robô que acabou de receber uma atualização. E aí veio a frase padrão, sem nenhuma emoção:
— Eu sou assim, Bart. Achei que já tivesse percebido.
O QUÊ?!
— Sério? É isso que você vai dizer? "Eu sou assim"? — comecei a andar de um lado pro outro, minhas palavras saindo rápido demais, atropelando umas às outras. — Porque, deixa eu te contar, Mariana, "eu sou assim" não é desculpa pra agir como se o resto de nós fosse... fosse... sei lá, invisível!
Ela não respondeu. Nem piscou. E isso só fez a pressão subir na minha cabeça.
— Você nunca fala com ninguém. Nunca confia em ninguém. É sempre esse lance de "sou sombria, não preciso de amigos, blá blá blá". — Minha voz tava subindo, mas quem se importa? — Acha que é especial porque parece com o Batman? Deixa eu te contar uma coisa: até o Batman tem amigos!
Ela estreitou os olhos. Ah, ótimo, agora ela tava irritada. Mas eu não conseguia parar.
— Sabe qual é o seu problema? Você é uma sombra! Uma sombra que só fica no canto, fingindo que não precisa de ninguém. Só que, surpresa, precisa sim! Porque adivinha? Somos uma equipe! Uma E-Q-U-I-P-E!
Ela deu um passo na minha direção, o rosto ainda sério, mas os olhos... os olhos dela estavam diferentes agora. E, por um segundo, eu pensei: opa, talvez tenha ido longe demais. Mas já era. As palavras estavam fora.