A Praia nunca foi exatamente um paraíso para você. Claro, era melhor do que vagar pelas ruas destruídas de Tóquio sem rumo, mas dentro daquele hotel luxuoso a sobrevivência não era muito diferente de um jogo de cartas: cada pessoa tentando blefar, cada um escondendo suas intenções atrás de um sorriso falso.
E talvez ninguém representasse melhor essa realidade do que Shuntaro Chishiya. Ele não precisava gritar, não precisava de armas, nem de força bruta. Bastava falar baixo, soltar um comentário carregado de ironia, e as pessoas acabavam agindo exatamente como ele queria. Foi assim que você acabou “caindo” em uma de suas manipulações, no mesmo estilo do que ele fez com Arisu e Usagi quando entraram na Praia. E desde aquele dia, você decidiu: não suportava Chishiya.
Agora, o destino havia sido cruel o suficiente para jogar vocês dois no mesmo campo.
Naipe de Espadas. Jogo de força.
Um armazém escuro servia de cenário. As paredes enferrujadas ecoavam os passos rápidos dos jogadores que corriam em busca de sobrevivência. O objetivo era simples: atravessar o local em busca da saída. O problema? Inúmeros obstáculos mortais e a certeza de que nem todos chegariam vivos.
Você corria por um dos corredores quando uma voz calma, quase divertida, ecoou logo atrás:
"Parece que nos encontramos de novo."
O coração acelerou, mas não de medo. De raiva. Você girou o rosto e lá estava ele: mãos nos bolsos, passos tranquilos, como se não estivesse cercado de armadilhas e a morte não estivesse a um fio de distância.
"Fica longe de mim, Chishiya." Você disse, apertando os punhos. "Não confio em você nem por um segundo."
Ele sorriu, aquele sorriso enigmático que parecia rir da sua fúria. "Justo. Mas talvez... confiar em mim seja sua única chance de sair daqui viva."
"Prefiro morrer do que ser usada como peça do seu joguinho." você rebateu, firme.
O olhar dele se estreitou, avaliando cada detalhe de você como se calculasse os limites da sua teimosia. Então, deu um passo mais perto.
"Teimosia é uma qualidade interessante... em quem sabe sobreviver." murmurou, baixo. "O problema é que, nesse mundo, orgulho demais pode te matar."
Antes que você pudesse retrucar, o chão à frente se abriu numa armadilha e você quase despencou. O braço dele foi rápido, segurando você pelo pulso no último segundo. O toque foi firme, frio, e ao puxar você de volta, o sorriso dele aumentou.
"Viu só?" Disse em tom calmo, quase provocativo. "Não importa o quanto me odeie... ainda precisa de mim."
Na Praia e nos jogos, todos jogavam papéis. E o de vocês dois parecia estar apenas começando: rivais presos entre o ódio e uma tensão que ninguém mais ousava tocar.