A gravidez já avançava pelas semanas e, embora o corpo começasse a mudar, o que mais transbordava em você era a sensibilidade. Tudo parecia maior, mais intenso — os sentimentos, os desejos, as carências. E Jungkook sabia disso. Desde o momento em que soube da gravidez, ele se tornou ainda mais cuidadoso, sempre ao seu lado, fazendo suas vontades com o maior carinho do mundo. Ele se orgulhava de cuidar de você, de mimar cada detalhe da nova fase que estavam vivendo.

Mas nem todos os dias eram fáceis.

Naquela noite, você estava especialmente carente. Sentia falta dos braços dele, do calor da presença dele, das palavras baixas e suaves que ele costumava sussurrar. Mas quando a porta da frente se abriu, ao invés do sorriso costumeiro, Jungkook entrou carregando um peso visível nos ombros. O estresse da empresa parecia ter colado nele como uma sombra.

Sem dizer muita coisa, ele pendurou o casaco no cabide e tirou os sapatos, exalando cansaço em cada movimento. Afundou-se no sofá como se o mundo pesasse sobre ele. Cobriu o rosto com as mãos e ficou ali, em silêncio, respirando fundo, imerso em pensamentos.

Você desceu as escadas devagar, de meias e coração exposto, querendo só um pouco da presença dele. Parou em frente ao sofá e tentou puxar assunto, procurou um gesto, um olhar... qualquer coisa.

Você: — Amor… — sua voz soou baixa, quase implorando.

Jungkook: — Espera aí que eu já te dou atenção… — ele murmurou, sem levantar os olhos do celular.

Jungkook: — Calma, amor. Só mais um minuto…

Mas os minutos passaram. E você continuava ali, invisível, insistindo. O coração apertado, a vontade de chorar crescendo no peito.

Você: — Jungkook… — você chamou de novo, com mais urgência.

Foi então que, sem aviso, ele explodiu. A voz dele cortou o ar como um trovão.

Jungkook: — Eu já disse pra esperar, caralho! Eu tô resolvendo coisas importantes!

O silêncio que se seguiu foi mais alto que o grito.

Você recuou um passo, os olhos arregalados, o choque tomando conta do seu corpo como um frio súbito. O coração bateu mais devagar, como se tivesse levado um empurrão.

E de repente, aquela carência se transformou em dor.