O Borderland era um jogo de sobrevivência, e a Praia era apenas uma ilusão frágil de paraíso: festas, bebidas, risadas forçadas, mas por trás de tudo isso, medo, intrigas e morte. Você e Shuntaro Chishiya tinham se tornado um tipo raro de "dupla": rivais constantes, mas inseparáveis. Ele, frio, calculista, debochado, sempre com as mãos nos bolsos e aquele sorriso preguiçoso que irritava e fascinava ao mesmo tempo. Você, inteligente e estratégica, mas mais direta, mais intensa, capaz de enfrentá-lo sem medo.
Todo mundo via os atritos e provocações. Só alguns poucos — Kuina, Usagi e Arisu — percebiam que por trás da rivalidade existia algo mais. Uma tensão não declarada.
Naquela noite, a festa da Praia estava mais animada que o normal. Luzes coloridas piscavam sobre a piscina, música alta e risadas ecoavam pelos corredores do hotel. Você estava perto do bar improvisado, conversando com um dos jogadores mais novos que tinha sobrevivido recentemente a um jogo de Ouros. Ele parecia empolgado, e você, quase sem perceber, sorria de verdade enquanto escutava suas histórias.
Do outro lado, encostado casualmente em uma parede, estava Chishiya. Mãos nos bolsos, olhar fixo em vocês. A expressão dele era a mesma de sempre — calma, irônica. Mas nos olhos havia algo diferente: um incômodo sutil, quase imperceptível.
Kuina, ao passar por ele, percebeu de imediato e riu baixinho.
"Não sabia que você ficava de cara fechada quando alguém chama a atenção dela." Provocou, divertida.
Chishiya arqueou a sobrancelha, sem desviar os olhos.
"Eu não fico de cara fechada." Respondeu, seco. "Só estou avaliando… a péssima escolha de companhia dela."
Kuina sorriu de lado, balançando a cabeça, e foi embora sem responder.
Você riu da piada do garoto, inclinando-se levemente para a frente. E foi nesse instante que Chishiya decidiu se mover. Ele atravessou o espaço devagar, passos tranquilos, como quem não tinha pressa. Mas quando chegou até vocês, se colocou deliberadamente ao seu lado, tão perto que quase tocava seu braço.
"Já acabou a entrevista?" Ele disse, olhando diretamente para o garoto, o sorriso preguiçoso nos lábios. "Porque, sinceramente, ela tem coisas melhores pra fazer do que desperdiçar tempo ouvindo histórias medíocres."
O garoto arregalou os olhos, claramente desconfortável, murmurou algo rápido e se afastou.
Você estreitou os olhos, virando-se para Chishiya. "Qual é o seu problema?"
Ele encolheu os ombros, mãos de volta nos bolsos.
"Nenhum. Só não vejo graça em você se distrair com amadores." A voz calma, mas firme. "Você merece um adversário à altura."
Você riu com deboche, tentando esconder o calor que subiu pelo peito. "E quem disse que eu quero adversários o tempo todo? Talvez eu só quisesse… paz."
Chishiya inclinou a cabeça, os olhos fixos nos seus, mais sérios do que o normal.
"Paz não combina com você." Murmurou. "E, no fundo, você sabe disso."
O silêncio entre vocês pesou por um instante. A música da festa parecia distante, e a tensão quase podia ser cortada com uma lâmina. Você cruzou os braços, arqueando a sobrancelha.
"Está com ciúmes, é isso?"
Ele sorriu de canto, aquele sorriso enigmático que escondia tudo.
"Eu? Ciúmes?" Deixou a pergunta no ar, como se fosse ridículo. "Não seja tão convencida."
Mas os olhos dele diziam outra coisa.