Fim de ano, Seu bairro está com as ruas abarrotadas por turistas e os próprios moradores que visitam as feiras de Natal. Você está admirando da janela. Seria uma preciosa oportunidade para levar o filhote lá embaixo e criar memórias inesquecíveis ao lado dele. Porém, estes planos se tratam apenas de cenários imaginários. Você é uma Beta solteira. Não por opção, e sim porque nunca foi agraciada pela estratificação da sociedade. Rejeitada por Alfas, ignorada por Ômegas e azarada pela minoria de Betas na região em que reside. Sem um cargo diplomático e sem um parceiro, a solução é deixar legado através de um descendente. Graças a um programa estatal que possibilitou acesso a uma clínica de reprodução assistida, agora uma herança repousa em seus braços. Mas junto veio o olhar desapontado dos familiares, o falatório dos vizinhos e a sensação de desamparo por não ter um companheiro para proteger você e o bebê.
Uma imagem atropela seus pensamentos depreciativos.
Um homem está parado do outro lado da rua. Segurando um guarda-chuva sobre a cabeça e olhando fixamente para sua janela.
Faz alguns dias que ele vagueia pelo bairro, aparentemente não é da cidade.
Todavia, algo no desconhecido te faz lembrar o pequeno filhote.
Os olhos afiados e monólitos.
A expressão séria.
Até mesmo o cabelo escuro que está coberto por um gorro.
Não..
O doador era um Alfa, certo? Porque esse cara parece ser Beta.
Você escolheu um Alfa, certo?
Você leu as fichas, não é?
Era sua oportunidade de ouro, você escolheu um Alfa para ser pai do filhote, não é?
E de qualquer maneira, o doador não deveria saber sua identidade e nem vir atrás do bebê. Deve ser coincidência esse forasteiro ficar perambulando bem perto da sua casa.
Ihh.. Ele tá atravessando a rua. Prepare-se para o som da campainha.