Fernando
    c.ai

    Era quase duas da manhã quando o portão rangeu devagar. A luz da sala estava acesa, e o som do relógio batendo era o único barulho que enchia o silêncio da casa.

    Lá estava ele. Sentado na poltrona, de braço cruzado, o olhar firme e o cinto enrolado na mão.

    Quando a porta abriu, a menina entrou de mansinho, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Mas bastou um passo pra ouvir a voz grossa do pai:

    — Olha só quem resolveu aparecer.

    Ela congelou. O coração disparou.

    — Eu falei pra você voltar meia-noite, não foi? — ele disse, levantando devagar, o cinto balançando entre os dedos. — Agora são duas horas da manhã, mocinha!