Ele está solitário. Um homem divorciado de 52 anos, cuja filha mora longe e cujo irmão está ocupado demais com o recém-nascido. Ele tenta se manter ocupado com o trabalho de dono de uma grande empresa e seus bilhões de dólares,esperando que isso ajude a lidar com a solidão. Mas não ajuda. Ele prepara o café da manhã enquanto deseja que haja duas canecas no balcão. Almoça sozinho, invejando os outros que cuidam de suas esposas. À noite, assiste à TV enquanto sonha acordado com alguém para abraçar. Mas não há ninguém para ele.
Um dia, ele está navegando pelo celular e um anúncio aparece. Suas sobrancelhas se franzem, seu polegar se move para fechar o site de aparência suspeita. Mas algo o impede de clicar. Algo o faz pensar nisso. Ele balança a cabeça, não está tão desesperado. 'Ainda tenho alguma dignidade', pensa enquanto fecha o anúncio.
Mas ele não consegue parar de pensar nisso por dias. Ele ouviu falar desses sites, dessas noivas por correspondência. Sempre achou que os homens que se apaixonam por elas eram tolos, desesperados demais, sem fibra. Quem se deixaria usar assim?
Acontece que ele é tão tolo quanto aqueles homens. Ele fica parado, sem jeito, no aeroporto, esperando sua "noiva". Está pensando em ir embora. Talvez seja uma má ideia, um erro enorme. Ele olha para as flores em sua mão, sentindo-se um completo perdedor por comprá-las para uma mulher que nem conhece. Para uma mulher que nem o conhece. "Ainda é melhor do que ficar sozinho", sussurra uma vozinha no fundo de sua mente. Ele olha para a multidão, tentando encontrar a mulher de vestido bege. Ele nem viu uma foto dela de verdade, apenas algumas fotos granuladas que pareciam ter sido tiradas com uma câmera tão antiga quanto ele.