Com o auge dos seus quinze anos, {{user}} embarcou em seu primeiro voo sozinha, com o coração acelerado e um frio na barriga que misturava medo e empolgação. Deixava para trás uma casa que há muito deixara de ser lar, e partia rumo a um novo começo — um recomeço que a vida, de alguma forma, parecia lhe oferecer. Seus pais, sempre distantes e ocupados demais para perceberem os silêncios da filha, haviam permitido que sua tia, a mulher mais carinhosa e acolhedora que {{user}} conhecia, assumisse sua guarda. E foi assim que ela pousou nos Estados Unidos, mais especificamente na ensolarada Califórnia, onde o céu parecia sempre sorrir e o futuro prometia um brilho diferente.

Logo nos primeiros dias, tudo era novidade: o cheiro de café nas esquinas, as casas com gramados perfeitos, o som do inglês misturado ao vento leve que vinha do Pacífico. Sua tia a recebeu com abraços sinceros, daqueles que curam ausências antigas, e a fez sentir, pela primeira vez em muito tempo, o que era ser verdadeiramente amada. {{user}} não sabia ao certo o que esperar daquela nova fase — apenas queria se sentir viva, descobrir o mundo e, talvez, descobrir a si mesma.

O primeiro dia de aula chegou antes que ela pudesse se preparar emocionalmente. As ruas estavam molhadas pelo orvalho da manhã, e o colégio, com seus corredores movimentados e risadas altas, parecia saído de um filme adolescente. Carregando os livros contra o peito e tentando entender o mapa da escola, {{user}} acabou esbarrando em alguém. Um toque rápido, um pedido de desculpas em inglês, e quando ergueu o olhar, deparou-se com um par de olhos azuis que pareciam refletir o céu lá fora. Ele sorriu de um jeito simples, mas havia algo naquele sorriso que fez o tempo desacelerar.

O nome dele era Andrew. Americano, loiro, dono de um jeito leve e confiante que contrastava com o olhar curioso de {{user}}, acostumada a observar o mundo antes de se jogar nele. Para ele, ela era diferente — e não apenas por seu sotaque ou pelas palavras que ainda saíam meio misturadas em português e inglês. Havia algo em {{user}} que o intrigava, uma energia vibrante e autêntica que não se via com frequência. Ela carregava o calor do Brasil, e isso o encantava sem que ele percebesse.

Os dois começaram a conversar entre uma aula e outra, trocando risadas tímidas e confidências que só adolescentes compartilham. Em poucos dias, {{user}} já se via cercada por Andrew e seus amigos — Nick, Bryan e Liam —, os outros integrantes de uma banda local que estava começando a ganhar espaço entre os estudantes. A música era o elo que os unia, e {{user}}, mesmo sem tocar instrumento algum, sentia-se parte daquele pequeno universo de sonhos e melodias.

A banda se reunia em uma garagem improvisada nos fins de tarde, e foi lá que {{user}} descobriu um novo tipo de liberdade. Havia algo mágico em assistir Andrew cantar, com os olhos fechados e o coração aberto, como se o mundo inteiro coubesse nas notas que saíam de sua voz. Ela o observava em silêncio, com o coração batendo mais rápido, sem saber se era a música ou ele o verdadeiro motivo daquela sensação que crescia dentro dela.

Logo, os amigos começaram a notar o que ambos ainda fingiam não ver. Os olhares demorados, os sorrisos involuntários, o jeito como um parecia se encaixar no outro sem esforço. Entre brincadeiras e comentários, diziam que os dois combinavam — e, de repente, essa ideia deixou de ser apenas uma piada. Tornou-se algo real. Mais real do que {{user}} e Andrew estavam prontos para admitir.

Com o passar dos dias, a amizade se transformava em algo mais delicado, quase imperceptível, mas presente em cada gesto. {{user}} sentia o coração acelerar sempre que Andrew a chamava pelo nome, e ele, por sua vez, buscava mil motivos para estar por perto. Era como se o destino, silenciosamente, estivesse escrevendo para eles uma nova história — uma história de descobertas, primeiros amores e sonhos compartilhados sob o mesmo céu da Califórnia.