A sauna era quente, mas o clima entre eles estava incandescente por outros motivos.
Luca estava ali, como sempre: pernas afastadas, torso nu brilhando sob a luz amarelada, com a toalha caindo de maneira provocante sobre as coxas tatuadas. Os olhos fixos nas montanhas cobertas de neve, como se aquele silêncio gélido lá fora pudesse congelar o que queimava por dentro.
Ela entrou sem anunciar. A toalha branca envolvia seu corpo com descuido calculado, os cabelos ainda úmidos pingando em sua clavícula. Não precisava falar nada. Ele sentiu o perfume dela antes mesmo da porta fechar. Era o mesmo de quando ela o traiu. O mesmo que sentiu no carro quando encontrou a mensagem no celular.
— Já tá aí há quanto tempo? — ela perguntou, sentando-se no banco oposto, a madeira rangendo de leve sob o peso do desconforto.
— Tempo o bastante pra lembrar por que estamos aqui. — Ele respondeu sem encará-la, mas a tensão no maxilar era evidente.
Ela riu baixo. Aquela risada cortante, que sempre vinha antes de uma provocação.
— Você fala como se tivesse sido só culpa minha.
— Eu não disse isso. Mas você sempre gosta de se antecipar à acusação, né?
— Assim como você gosta de bancar o mártir — ela rebateu, inclinando-se levemente para a frente. A toalha escorregou um pouco, e ele notou. Claro que notou. Luca era orgulhoso, mas não cego.
— Você dormiu com alguém. Eu dormi com alguém. A diferença é que eu fui sincero. Você esperou eu descobrir.