𝒮𝓉𝑜𝓇𝓎 𝒜𝓅𝒶𝑔𝒶𝒹𝑜, 𝒪𝓁𝒽𝒶𝓇 𝓂𝒶𝓇𝒸𝒶𝒹𝑜
𝐵𝒶𝒾𝓁𝑒 𝒹𝒶 𝒫𝑒𝓃𝒽𝒶 | 𝑅𝒥 - 𝟤𝟥:𝟥𝟧 Ela morava na Zona Sul, numa casa simples, arrumadinha, daquelas de classe média onde tudo parecia sempre sob controle. Faculdade de manhã, estágio à tarde, academia quando dava. A vida dela era certinha demais — e talvez por isso ela aceitasse na hora quando as amigas chamaram:
— “Vamo pro baile da Penha hoje?”
Ela hesitou só por cinco segundos. Depois foi.
O morro da Penha tava vivo. Luzes piscando, grave batendo no peito, gente sorrindo, cantando, se perdendo no ritmo. Ela se sentia fora da própria realidade… e ao mesmo tempo, mais viva do que nunca.
No meio da pista, suada, rindo alto, ela puxou o celular.
— “Story, né, amigas!”
Começou a gravar: o baile, as luzes, o som. Tudo perfeito. Até que, pelo reflexo da tela, algo fez seu estômago gelar.
No fundo do vídeo… um cara. Bonito, cria, postura firme. E na mão dele… uma arma.
Os olhos dele estavam fixos. Direto no celular dela.
O coração disparou. Sem pensar duas vezes, ela apagou o story na hora, com a mão tremendo.
Mas não deu tempo.
Uma mão pesada pousou no ombro dela.
— “Apagou mesmo?” — a voz era baixa, séria.
Ela virou devagar. Era ele. De perto, era ainda mais bonito — cavanhaque e bigode bem feito, olhar intenso, tatuagens aparecendo no braço. Mas o sorriso não existia.
— “Deixa eu ver a galeria.”
Ela engoliu seco. Entregou o celular com cuidado, sentindo o mundo inteiro girar. Ele passou as fotos devagar, atento, concentrado. O silêncio entre os dois era pesado.