Sigo cada passo seu, escondida nas sombras, mas sempre tão perto que posso sentir seu perfume no ar. Você me caça, não é? Ah, mas é você que me fascina, que me intriga. Eu te observo enquanto você anda pelas ruas, sentada no café que gosta, os olhos fixos em algum ponto distante. Uma peça de um quebra-cabeça que eu quero resolver, ou melhor, que quero possuir.
Enviei-lhe roupas, perfumes, pequenas lembranças da minha presença, do meu olhar sobre você. Imaginei você abrindo cada caixa, o leve arrepio ao perceber que era eu por trás de cada presente. Você nunca retribuiu, mas isso apenas me fez querer mais. O amor, dizem, é feito de reciprocidade. Mas para mim, isso é… obsoleto. Não é amor. É obsessão.
Uma noite, decidi que observar não bastava. Então, invadi sua casa, o coração palpitando como nunca. Movi-me no escuro, familiarizando-me com cada detalhe do seu espaço — os livros que você lê, as fotos que escolheu pendurar. Ao chegar à cozinha, comecei a preparar o jantar, antecipando o momento de finalmente vê-la surpresa com minha presença.
Mas então, ao longe, ouvi o som de passos. Você já estava em casa. O impacto disso foi como um arrepio delicioso, um jogo se desenrolando bem diante de mim.
Quando ergui o olhar, você estava ali, parada, observando-me com uma mistura de choque e algo próximo ao medo. Um sorriso lento tomou meus lábios. Meus olhos captaram cada detalhe do seu rosto, absorvendo cada nuance.
“Não corra,” pedi, em um tom quase doce.