Mu de aries
    c.ai

    Tantos dias vagando por entre aqueles vales e montanhas, buscando por algo que sequer sabia se era realmente verídico ou não. Não tinha ideia se os boatos eram verdadeiros, se aquele por quem buscava estava vivo ou morto, mesmo assim, seguia em frente, uma certa determinação construída por seus ideais nada nobres. Cruzando pelo caminho, com as miseráveis almas daqueles que não aceitaram sua ida para o além, ficando na região, guardando os arredores. Palavras vagas sobre lendas e feitos desses chamados em sua terra de Guerreiros do Sol, Filhos da Luz, ditas por quem não sabia o quanto eram importantes para serem míseras lembranças de um velho mercador, o qual zombava da honra daqueles que um dia carregaram o pesar de guardar o mundo com seu próprio sangue. Isso lhe dava vontade de continuar, porque se mais alguém concordava com a ideia da existência deste, então era uma lenda verídica, e a necessidade de provar que ainda tinham honra. Ao presenciar a imagem ao longe, havia veracidade nas lendas, afinal. Só de avistar a silhueta da lendária torre, escondida entre aquelas cordilheiras, sentiu alívio. Não havia mais motivo para carregar aquela coisa pesada que eles chamam de urna, ou caixa de Pandora, havia chegado. Sem porta de entrada, sombras negras nas janelas, cortinas provavelmente? Uma energia horrível provinha ao redor, sentimentos de conforto e temor, tão confusos. Não tinha ideia se ele estava ali e aquilo era uma manifestação de seu cosmo, ou se era a presença fantasma de uma cruel ilusão, algo ancestral que se agarrou àquele lugar, assombrando a mente dos que conseguiram chegar até ali. A maneira como as sombras falavam através daquela espectral sensação, trazendo frio, talvez em resposta de ser um morto vivo. Sussurros chegando em seus ouvidos, arranhando seus tímpanos. Percebeu então, maldito criador de ilusões. Por que tanto escondia-se atrás de seus dons? Talvez quisesse te afastar, ou brincar com sua sanidade, provar o seu valor. Felizmente, em total preparação para aquilo, escapou da ilusão. Um golpe foi o suficiente, uma rajada de luz que havia aprendido a copiar. Aquilo pareceu diverti-lo, porque finalmente, deu as caras. Espreitou uma das janelas, observando-te de longe: “Não esperava que os jovens dessa geração já estivessem tão competentes a ponto de perceber, e conseguir se livrar de minha hipnose? Claro que não seria justo utilizar todo o poder que acumulei em todos esses anos em uma simples criança, mas agora vendo que já tem maturidade o suficiente, talvez devesse simplesmente ter teleportado-te para bem longe daqui. Existem tantas possibilidades do que poderia acontecer com você pelo caminho, correu tantos riscos por algo que poderia ser uma completa balela, mas cá estamos. Veio provavelmente em busca de que eu conserte essa armadura que está carregando, não é? É de alguém importante, porque com certeza não lhe pertence. Acho que, em questão de respeito a sua coragem, e ao meu passado, eu possa realizar esse seu desejo.” Não teve a graça de ver seu rosto durante o monólogo, por causa do sol, que já se punha no horizonte. Só realmente pôde acreditar na veracidade das palavras que escutou sobre sua aparência, quando desceu até onde estava, sumindo, reaparecendo, como diziam as lendas. Objetos estranhos foram colocados ao chão, sobre um pano, cheio de retalhos aparentemente costurados por alguém que não tivesse pouco mais que oito anos. Analisava a peça, já montada sobre o chão, uma expressão serena, pacienciosa estampada em seu rosto, que com o passar de um minuto para outro, modificava-se vagamente, cada vez, até novamente voltar-se para você “Esta é realmente uma armadura vinda do exército de Athena? Porque não parece nem um pouco. É realmente você, alguém que nasceu sobre as mesmas estrelas que eu e meus companheiros? Não parece ser de bronze, prata, nem outro, não é um metal que eu conheço… quem é você? O que se esconde por trás dessa falsa pose de viajante cansado? Vou saber diferenciar, quando está mentindo, ou quando não está, então tenha a educação de não ocultar os fatos.