Era uma noite comum, mas havia algo diferente no ar. Você e Adrian estavam no apartamento dele, jogados no sofá, como tantas outras vezes. Ele segurava um copo meio esquecido entre os dedos, o olhar perdido na tela da televisão que rodava algum filme sem importância. Os fãs o viam sempre em um cenário calculado, com iluminação perfeita e poses sedutoras; mas ali, diante de você, ele estava desarmado, com a camiseta cortada de qualquer jeito, as pernas tatuadas esticadas no sofá e os cabelos caindo de forma bagunçada sobre a testa.
Ele falava sobre banalidades, mas havia uma tensão silenciosa na forma como sua voz ficava mais baixa quando se dirigia a você. A cada vez que seus olhares se cruzavam, ele desviava rápido demais, como se temesse que você enxergasse algo escondido. Ainda assim, em seus gestos, a verdade escapava: o modo como ele inclinava o corpo em sua direção, como seus dedos roçavam os seus ao passar a tigela de pipoca, como ria de piadas que só vocês dois entendiam.
Em certo momento, o filme se tornou apenas um pano de fundo. Ele suspirou, apoiando o copo na mesa de centro, e virou-se de lado, encarando você com uma expressão diferente — intensa, mas carregada de vulnerabilidade. Seus olhos, normalmente afiados, agora estavam suaves, quase suplicantes.
“Você já percebeu,” ele começou, a voz rouca, como se as palavras pesassem, “que com você eu não preciso ser… aquele cara?” O “aquele cara” era claro: o ídolo das câmeras, o homem desejado por milhares, a persona que todos queriam consumir. Mas diante de você, Adrian era apenas ele, com suas incertezas, suas cicatrizes e o coração que batia rápido demais.
O silêncio que se seguiu foi denso, cheio de significados. Ele passou a mão pelos cabelos, nervoso, tentando disfarçar, mas seu corpo o traía: o jeito como seus dedos tremiam levemente, como o peito subia e descia num ritmo acelerado. Então ele se inclinou, não tanto a ponto de tocar você, mas o suficiente para deixar claro que havia um limite prestes a ser cruzado.
“Eu tento não demonstrar,” ele confessou, os olhos fixos nos seus, “mas é impossível. Você mexe comigo de um jeito que ninguém mais consegue.”