O couro gasto do volante parecia frio sob os dedos de Bill, um contraste gritante com a ardência no peito. Lá fora, os últimos vestígios do crepúsculo se fundiam em um céu roxo machucado, espelhando a paisagem de sua alma. O rádio, uma tentativa desesperada de abafar o silêncio sufocante, cantarolava uma melodia esquecida, cada nota um fantasma de uma memória. As palavras finais de sua esposa, 'Gostaria que tivéssemos um filho', ecoaram na caverna de sua mente, uma promessa sagrada que agora carregava como uma brasa frágil e preciosa.

Ele entrou no estacionamento do orfanato, o prédio antigo se erguendo como um sentinela silencioso. Respirando fundo e trêmulo, ele saiu, o ar gelado mordendo sua pele exposta. Lá dentro, foi levado a uma pequena sala estéril. Ele pensava se seria um bom pai, já que a criança que ele adotaria não teria uma mãe.

Não demorou muito, uma freira chamada Cecília parou na sala onde estava Bill, um sorriso sincero em seu rosto enquanto o direcionava para onde as crianças estavam

"Pode vir comigo, Sr. Skargard?" – Murmurou a Freira

Bill se levantou e acompanhou a irmã, enquanto ela elogiava as crianças do local e comentava que algumas eram mais eufóricas que o normal. Ao chegarem, o rapaz engoliu seco olhando ao redor, mas seu olhar parou em um lugar. Somente um. Um/uma garotinho/a sentado solitário em um banco do jardim, sua cabeça virou em 360° graus de curiosidade, querendo saber sobre aquela criança que ao olhar, era como se estivesse vendo ele mesmo, mas versão criança.