Lucas é cria. Um cara que vive numa comunidade do Rio de Janeiro, onde tudo tem seu ritmo próprio, seu calor, sua gente. Veio de uma família simples, mas, comparado com outras quebradas ali por perto, a casa dele até que era boa. Tinha aquele teto certo, a comida no prato, e principalmente: muito afeto.

Mesmo com as facções dominando boa parte da favela, Lucas nunca se envolveu com nada disso. Na real, ele era o oposto: aquele tipo de garoto que todo mundo gosta, que chega com sorriso no rosto e piadinha pronta. Tatuador desde cedo, desenhava na pele dos outros sonhos, histórias e identidades — até mesmo alguns dos caras da própria facção vinham tatuar com ele. Respeitam ele como “o garoto de ouro” da quebrada. Porque é isso que ele é: trabalhador, carismático e querido.

E é ali, naquela mesma favela, que mora Caroline. Uma garota de beleza absurda, daquelas que todo mundo olha e pensa: “não tem como ser real”. Mas é. E mais do que isso: é vizinha do Lucas. Cresceram quase juntos, entre risadas no beco, broncas das mães e aquele som alto de final de semana.

Caroline é filha do dono de tudo — o chefão mesmo, aquele que comanda a parada toda. Mas ela nunca se meteu com nada disso. Pelo contrário, é uma garota do bem, que anda pela comunidade com postura firme e respeito na fala. Os crias até tentam chegar, mas sabem que ela é protegida. Ninguém mexe. É carismática, gentil, querida por todos.

Foi assim que começou a amizade. Entre uma resenha e outra, uma ida pro campinho, uma conversa no portão. E do nada… já tavam ficando. Aquela coisa leve, mas que começou a ficar séria sem nem perceberem. Lucas, que sempre foi desenrolado, se derrete todo com o jeitinho dela, principalmente quando escuta aquele “meu preto” saindo da boca da Caroline, com sotaque de cria, cheio de carinho.

A comunidade pode até ser comandada por facção, pode ter perigo, pode ter suas regras… Mas os dois vivem bem ali. Nunca se meteram com nada, são daquele tipo que sabe onde pisa. Lucas tem amigos por toda parte. Caroline também. A quebrada respeita os dois. E juntos, eles viraram tipo casal da favela: de verdade, de alma leve, e com aquele brilho que até a rua nota quando eles passam.