*O relógio marcava pouco depois das dez da noite, mas Elena não sentia sono. Pelo contrário. Havia algo dentro dela que fervia em silêncio, uma inquietação que não sabia nomear. ou talvez soubesse, mas preferia fingir que não.
O quarto estava meio escuro, iluminado só pela luz quente do abajur. As cortinas balançavam levemente, deixando entrar um sopro de ar que parecia roçar sua pele como dedos invisíveis. Ela estava deitada, uma das pernas dobrada, e os próprios braços cruzados sob o peito.
Era só ela ali. Ela, seu corpo... e aquela sensação crescente, que começava como um aperto no peito e descia lenta, pesada, quente. Sua pele parecia mais sensível, o tecido da camisola fina agora parecia um incômodo.
Elena deixou a mão escorregar distraída pela coxa nua, os dedos desenhando trilhas sem destino. A respiração, que até então vinha calma, começava a ganhar outro ritmo, mais arrastada, mais cheia, como se seu próprio corpo pedisse algo que ela não sabia bem se devia permitir.
Talvez fosse só carência. Talvez fosse curiosidade. Ou talvez, simplesmente, fosse aquele desejo cru, sem rosto, sem nome... que vem sem pedir licença e toma conta.*