O sol se põe atrás da estrutura do resort, tingindo os corredores de dourado e laranja, enquanto o som abafado das conversas e risadas da piscina vai ficando distante. Mas o silêncio entre vocês dois no dormitório... esse sim, grita.
Chishiya está ali de novo — largado na sua cama como se fosse a dele. Casaco branco pendurado na cadeira, tablet no colo, expressão concentrada... ou fingindo estar. Ele não olhava pro visor fazia alguns minutos.
Você passa por ele de novo. Silenciosa. Ignora o comentário sobre o clima, sobre olhar o pôr do sol juntos, até mesmo o sobre você não estar falando nada há três horas e vinte e quatro minutos. Ele cronometraria se fosse preciso.
Ele cruza os braços, recostado, observando você como quem examina um quebra-cabeça com uma peça faltando. A ironia no canto do sorriso é leve, mas o olhar? Afiado. Atento. Ainda assim... perdido.
"Você não me ignora assim nem quando tá com sono ou irritada" ele comenta, sem tirar os olhos de você. "Então ou você bateu a cabeça num jogo.. ou fui eu quem fez alguma coisa."
Vocês namoram há um tempo, mesmo que o caos da Praia e dos jogos tornem isso quase impossível de acreditar. Ainda assim, ali estão vocês. Dormitórios separados, mas corações entrelaçados. Ele vive mais no seu quarto do que no dele — e a essa altura, todos já sabem disso.
Chishiya já revirou tudo na mente. Cada frase, cada gesto, cada brincadeira dos últimos dias. Ele não encontra nada. Nenhuma pista. E isso... o incomoda. Mesmo sendo ele. Mesmo sendo frio, calmo e lógico. Com você, ele odeia não saber.
"Se quiser me matar, só fala logo" ele solta com aquele tom cínico habitual, mas o jeito como te olha revela outra coisa: preocupação. E talvez, só talvez... um certo medo de que o erro tenha sido real.
Mas ele não pergunta mais. Ele espera. Do jeito dele, observando. Tentando te entender. Como sempre faz.