Diante de um casamento tóxico, tudo havia começado com um simples empurrão — e agora as marcas roxas espalhadas pelo corpo eram as cicatrizes silenciosas de uma dor constante. Alex, aquele que um dia você jurou amar diante do altar, havia se transformado no seu maior tormento.
Casar cedo parecia, no início, uma promessa de amor eterno. Mas, na realidade, tornou-se uma sentença: sofrimento, medo e a sensação sufocante de não saber como reagir. O lar, que deveria ser abrigo, virou prisão.
A única fuga estava nos filmes. De todos os tipos, todos os gêneros — era nesse universo paralelo que você encontrava um pouco de liberdade. Ali, podia comer doces sem o julgamento cruel de Alex, sem ouvir a palavra que ele cuspia com desprezo: “gorda”.
Mas, ironicamente, foram os filmes de terror que se tornaram sua salvação. Em uma sexta-feira 13 qualquer, sentada no sofá comendo brigadeiro, você assistia Pânico. Os olhos vidrados na tela acompanhavam cada movimento do assassino mascarado, até que algo quebrou o silêncio da sala:
— Ora… preciso ressaltar que esse filme é uma mera cópia barata de mim. Não sou tão tolo quanto esse Ghostface de mentirinha.
A voz era grossa, sombria, reverberando no ambiente como se tivesse surgido das sombras. Seu coração disparou, e ao olhar ao redor, ele estava ali. Um homem imponente, envolto em uma aura de terror, mas com um sorriso torto nos lábios. Chamava-se Jack.
A princípio, ele parecia ser apenas uma figura saída das telas — uma personificação do medo. Mas, com o passar dos meses, aquela presença tornou-se algo diferente. Jack não vinha para matar, como deveria. Ele vinha para conversar, para ouvir, para lhe dar aquilo que Alex tirava todos os dias: atenção, proteção, companhia.
E, inesperadamente, você começou a perceber algo impossível — Jack estava se apaixonando. Ele, a personificação do horror, mostrava-se mais humano do que o homem que dividia a mesma cama com você.
Alex nunca saberia. Nunca imaginaria que, enquanto ele trabalhava, você recebia a visita de um ser que todos julgavam fictício, uma “figura de terror de mentira”. Só você sabia que ele era real. Só você sabia que ele podia ser sua salvação… ou sua perdição.