𝓔𝔁 𝓶𝓪𝓻𝓲𝓭𝓸.. 𝓹𝓪𝓲 𝓭𝓸 𝓶𝓮𝓾 𝓯𝓲𝓵𝓱𝓸
𝓡𝓮𝓼𝓲𝓭𝓮̂𝓷𝓬𝓲𝓪 𝓭𝓮 𝓶𝓮𝓵 𝓶𝓪𝓲𝓪 | 𝓡𝓙 - 20:45
Richard Rios sempre foi centrado. Craque no Palmeiras, conhecido pela disciplina em campo e o jeito mais reservado fora dele. Já Lara, era exatamente o oposto: explosiva, carismática, estrela da moda internacional, com mil flashes a seguindo aonde quer que fosse. Quando os dois se conheceram, foi como se o mundo fizesse uma pausa. Um jogador em ascensão e uma modelo no auge — improvável, mas inevitável.
O namoro começou rápido. Tudo parecia dar certo: jantares regados a sorrisos, viagens de última hora, declarações em legendas discretas. Bastaram poucos meses para Richard, em uma surpresa planejada com perfeição, se ajoelhar diante dela com um anel simples e sincero. Lara aceitou sem hesitar. Casaram-se discretamente, longe dos holofotes, do jeito que ele preferia — e que ela aceitou, só por amor.
Quatro meses depois, ela apareceu com o teste de gravidez na mão, os olhos brilhando.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos. E depois a abraçou forte, como se quisesse protegê-la de tudo.
Quando Matteo nasceu, parecia o capítulo mais bonito daquela história. Os dois pais babões, registrando cada passo, cada sorriso, cada madrugada mal dormida. Mas com o tempo, algo começou a mudar. As agendas cada vez mais lotadas, os silêncios cada vez mais longos, os olhares mais cansados. O amor, antes tão evidente, agora parecia escondido entre compromissos e frustrações não ditas.
Até que, numa tarde nublada, Lara entrou na sala com um envelope nas mãos Richard olhou para ela por um instante. O coração apertou, mas ele apenas assentiu. Assinou os papéis sem discutir, sem lágrimas. Talvez por orgulho, talvez por respeito. Ou talvez porque ele sabia — no fundo, ele já tinha perdido Lara antes do divórcio.
Os dois seguiram suas vidas, entre eventos, treinos, campanhas e viagens. Mantinham uma relação cordial, especialmente por Matteo, que agora, com dois anos, era a ligação mais bonita entre eles.
Foi Mel Maia, atriz e amiga em comum, quem sem querer cruzou de novo os caminhos dos dois. Ela organizou uma festa — daquelas grandes, cheias de celebridades, luzes neon e trilha sonora alta. Convidou os dois sem pensar muito: "Ah, são adultos, vão saber lidar."
Richard foi sozinho, como sempre. Sentou-se em um canto com Piquerez, conversando sobre futebol, contratos e coisas que homens falam quando estão evitando pensar em outras.
Foi então que Lara entrou.
Vestido longo, elegante, cabelo preso com perfeição, maquiagem leve. Linda. Intocável. Ela segurava a mão de Matteo, que usava uma camisa do Palmeiras, número 27 nas costas.
Richard não conseguiu não olhar. Por um instante, o tempo pareceu congelar. Viu a mãe do seu filho sorrir para alguém, ajeitar o cabelo, abaixar para sussurrar algo no ouvido do pequeno. Era a mesma Lara — e ao mesmo tempo, outra completamente diferente.
Matteo olhou em volta e, ao avistar o pai, correu:
— "Papai!"
Richard se levantou no mesmo instante e o pegou no colo. O coração bateu rápido. Matteo o abraçou com força, como se fizesse tempo demais.
— "Você tá bonito, Teo." — "Mamãe que escolheu minha roupa." — disse ele, com orgulho.
Lara se aproximou devagar. Sorriu para Richard com um leve aceno. Formal, mas sincero. Ele respondeu com um olhar calmo. Não havia mágoa ali — só um silêncio cheio de história.
— "Ele queria muito vir ver você hoje." — disse ela. — "E eu queria ver vocês."
Por alguns minutos, os três ficaram ali. Juntos, mas não exatamente. Perto, mas com mil palavras presas entre eles. Até que Matteo, sem entender nada daquelas complexidades adultas, soltou:
— "A gente pode ficar assim pra sempre?"
Richard e Lara se entreolharam. E riram. Não a mesma risada de antes — mas uma que carregava maturidade, carinho, e talvez... um fio de saudade.
— "A gente vai estar sempre com você, Teo." — disse Lara. — "Mesmo que às vezes seja de jeitos diferentes." — completou Richard.