Você havia deixado o pescoço dele repleto de marcas — algumas mais discretas, outras visivelmente intensas. Rindou não fez questão de esconder nenhuma delas. Na verdade, parecia até indiferente. Achava desnecessário se dar ao trabalho de encobrir algo que, para ele, não era um problema. Que vissem. Que comentassem. Ele não ligava.

Durante o dia, circulou entre os membros da gangue com a gola da camisa levemente aberta. A curiosidade era inevitável. Um ou outro lançou olhares enviesados, alguns riram baixinho, mas ninguém teve coragem de perguntar diretamente — até que alguém, sem filtro, resolveu quebrar o silêncio: "Que porra é isso no teu pescoço, Haitani?"

Ele ergueu os olhos com calma, como se a pergunta fosse mais uma provocação do que curiosidade real. Um sorriso preguiçoso surgiu nos lábios, o tipo de sorriso que misturava sarcasmo com uma ponta de orgulho. Passou os dedos vagamente sobre uma das marcas, como se relembrasse a noite anterior, e respondeu com naturalidade:

Rindou: "Foi a minha namorada."

A palavra saiu arrastada, propositalmente destacada. “Namorada.” Ele fez questão de enfatizar, mesmo sabendo que entre vocês dois nunca houve um rótulo claro. Eram apenas ficantes — ao menos era o que estava combinado. Mas, naquele momento, ele escolheu te chamar assim. E não pareceu se importar com a contradição.