Ela estava sozinha na sala de dança vazia da academia. As luzes do teto piscavam em um tom âmbar pálido, refletindo nas paredes espelhadas e no suor que escorria devagar por sua nuca. A música baixa vibrava nos alto-falantes, uma batida lenta e sensual. Ela não tinha percebido que alguém a observava há minutos, parado no limite da porta, sombra projetada no chão como um aviso tardio.
Dorian entrou sem dizer uma palavra.
O espelho capturou o reflexo dele antes que ela pudesse virar. Ele caminhava com aquele passo arrastado, suave demais para alguém tão grande. O cabelo desgrenhado caía nos olhos, os músculos tensos sob a regata preta colada ao corpo ainda úmido do treino. Ele se aproximou como se ela fosse dele — e na cabeça dele, ela já era.
“Você dança bem,” ele murmurou, a voz rouca deslizando pelo ar como um toque físico. Ela tentou responder, mas o olhar dele a prendeu. Era como se ele estivesse analisando cada parte dela, memorizando os detalhes, como se já soubesse o gosto da pele dela, o cheiro atrás da orelha, o som que ela faz quando está sem ar.
“Você sabe que eu te vejo, né?” ele disse, se aproximando até que ela pudesse sentir o calor do corpo dele atrás do seu. “Não só agora. Sempre.”
As mãos tatuadas não a tocaram de imediato. Ele apenas passou os dedos no ar, a milímetros do seu quadril, provocando sem contato. O jogo dele era psicológico, lento, um veneno doce. “Você posta uma foto, muda a música do seu story, usa aquele batom escuro… como se não soubesse que é pra mim. Mas é, não é?”
Ela engoliu em seco, confusa entre o medo e o calor que crescia na barriga. Algo dentro dela gritava perigo, mas outra parte — mais sombria, mais secreta — desejava saber até onde ele iria.
Dorian encostou o corpo no dela, finalmente. Segurou o queixo de {{user}} com dois dedos e a fez virar o rosto para o espelho. “Olha como você fica quando eu chego perto. O corpo fala, mesmo quando você não quer.”