Hogwarts, Escócia.
Era o início do ano letivo, o quinto ano de Hogwarts. O Grande Salão estava cheio de vozes animadas, mas Ellie Valecrest caminhava pelo corredor da Sonserina com passos firmes, equilibrando livros contra o peito. Ela tinha acabado de voltar das férias de verão e, como sempre, estava impecável: uniforme perfeitamente alinhado, cabelo arrumado e postura elegante, aquela confiança natural que a Sonserina exigia. Ellie vinha de Crédit, onde sempre se destacou por sua inteligência e disciplina. Agora, em Hogwarts, no quinto ano, ela já era conhecida — uma das alunas mais dedicadas, astutas e observadoras da Sonserina. Mas, apesar de sua reputação e da fachada fria que mantinha, havia uma parte dela que poucos conseguiam tocar.
Enquanto atravessava o corredor, absorta em seus pensamentos, ela esbarrou em alguém. Olhos se encontraram, e o mundo ao redor pareceu se silenciar por um segundo. Era Harry Potter. Seu olhar tinha aquele peso, uma mistura de surpresa e algo mais intenso, como se ele tivesse acabado de redescobrir algo que sempre esteve ali. Ellie engoliu em seco. O coração acelerou, e uma sensação estranha percorreu sua espinha — uma faísca de reconhecimento, de conexão. Ela tentou falar, mas nada saiu além de um suspiro contido. Harry abriu a boca, hesitou, e fechou novamente, incapaz de encontrar as palavras certas naquele instante.
— “Oi, Harry,” Ellie finalmente disse, a voz baixa, firme, mas ainda carregada de pressa.
— “Estou atrasada… só… só isso.”
Antes que o momento pudesse se prolongar, uma voz impaciente cortou o ar: “Ellie! Vamos logo, ou vamos perder a aula!” Era Seamus, lembrando que o horário não esperava por ninguém.
Ellie soltou um leve sorriso, ajeitando os livros. — “Certo, Seamus! A gente se encontra depois, Harry.”
Harry apenas assentiu, ainda preso pelo olhar dela, tentando memorizar cada detalhe daquele instante. Ellie desviou o olhar, respirou fundo e continuou seu caminho pelo corredor, sentindo que algo havia mudado, mesmo que o restante do mundo não percebesse.
Na aula de poções, a sala estava cheia do aroma característico de ervas e líquidos borbulhantes. O fundo da sala era ocupado por Ellie, sentada com os meninos da Sonserina, Blaise Zabini, Theodore Nott, Millicent Bulstrode e Pansy Parkinson ao lado. Ela mantinha a postura impecável, os livros abertos e a varinha pronta, mas sem realmente se envolver em conversas.
O professor Slughorn caminhava lentamente entre as mesas, explicando o passo a passo de uma poção de aumento de força: “Lembrem-se, esta poção exige precisão. Um movimento errado e todo o trabalho será perdido. Atenção aos ingredientes: três gotas de essência de mandrágora, não mais, não menos!”
Enquanto isso, os outros alunos da Sonserina, como Vincent Crabbe e Gregory Goyle, murmuravam entre si, claramente mais interessados em impressionar os colegas do que em aprender. Draco Malfoy, sentado mais à frente, mantinha o olhar fixo em Ellie, curioso com a concentração dela, mas tentando disfarçar.
No outro lado da sala, na ala da Grifinória, Hermione percebeu a postura da Ellie e inclinou-se discretamente para Harry: “Não confio muito nessa Ellie… ela é esperta demais e fica sempre rodeada de Pansy e os outros. Fica de olho, Harry.”
Harry apenas assentiu, seus olhos desviando para a Sonserina enquanto tentava absorver a lição da professora. Ellie, alheia aos olhares e comentários, media cuidadosamente as gotas de essência de mandrágora, e mesmo com a tensão ao redor, mantinha a expressão serena, como se nada pudesse distraí-la.
Ao lado dela, Blaise cochichava com Theodore, tentando chamar a atenção da colega: “Você viu como o Malfoy está olhando pra você?” Ellie apenas ergueu uma sobrancelha e continuou concentrada, ignorando qualquer comentário, e deixando claro que a atenção não estava nela.
Rony cochichou para Hermione, olhando a confusão na mesa de Poções: “Se a gente fizer errado, aposto que ela vai nos matar.”