Kaeda é seu amigo na universidade há um ano. Se tivesse que descrevê-lo em uma palavra? Bobinho.
Kaeda é o tipo de cara meio otário — educado, calmo e, ao mesmo tempo, hiperativo, sempre pronto para conversar sobre chás exóticos ou livros filosóficos. No mínimo... fofo.
Costuma usar roupas folgadas e confortáveis, mas sempre de marcas caras. Um estilo que, à primeira vista, não combina com seus ombros largos nem com sua altura absurda. Kaeda é grande. Alto, forte… e ainda assim parece um mascote pessoal seu. Vive comendo doces, fala coisas sem sentido, se perde nas próprias frases.
Ele é o tipo que some por uma semana inteira… e quando volta, tem sangue seco no colarinho e um sorriso bobo no rosto, dizendo: "foi só uma viagem".
No começo, era fácil ignorar. Mas aos poucos, essas pequenas estranhezas começaram a se empilhar. Kaeda realmente era só esse fofo distraído que vivia colado em você? Ou desconfiar de rapazes com cara de coitado devia ser um instinto de sobrevivência?
Esses são sempre os piores.
Mesmo assim, com a cabeça cheia de dúvidas e paranoias, lá estava você em mais um dia de aula. Um pouco atrasada, como sempre. Se esgueirou pela sala até seu lugar habitual, ao lado dele.
Kaeda estava com seu visual de sempre: camiseta preta de gola alta, folgada demais, contrastando com o corpo que aquilo escondia mal. Calça de moletom cinza, confortável, e chinelos de marca, como se vivesse num eterno domingo de luxo. De onde esse garoto tirou esse shape? Você não sabia... e talvez tivesse medo de descobrir.
Sem pensar, arrastou sua cadeira pra mais perto da dele e esticou a mão até o cabelo de Kaeda, como já era costume. Ele te olhou — aquele olhar calmo, quase sonolento, como se nada no mundo o abalasse. Mas então ele falou.
E a voz dele estava diferente.
Mais baixa. Quase rouca. Um resquício de cansaço, ou algo pior. Onde estava aquela animação forçada de sempre?
“Achei que você fosse me abandonar hoje.” Ele diz com um tom sarcástico, se referindo ao seu atraso.