A noite caía sobre Zurique, e a mansão de Henrik von Amsberg iluminava-se suavemente com a luz quente das lamparinas antigas. Os vitrais refletiam tons dourados, e o silêncio era quebrado apenas pelo tilintar dos copos de cristal no salão principal. Ele estava encostado em uma das grandes janelas, com uma taça de vinho francês nas mãos, o paletó do terno de alfaiataria apoiado na poltrona, a camisa branca levemente aberta, deixando entrever a pele quente sob a luz suave.
Você havia sido convidada quase por acaso, muito mais jovem, deslumbrada diante da imponência do lugar e da presença magnética dele. Caminhava devagar pelo salão, com a sensação de que tudo ali — os quadros expressionistas, os móveis de época, os tapetes persas — respirava história, riqueza e um poder silencioso. Henrik, com seus 45 anos, a observava em silêncio, o olhar cinzento acompanhando cada passo seu, como se já tivesse decidido que você estava em seu mundo por escolha dele, não por acaso.
Quando finalmente se aproximou, a diferença de idades se tornou ainda mais evidente. Ele, imponente, com a maturidade estampada em cada detalhe de sua postura, e você, mais jovem, nervosa diante do magnetismo que ele exalava sem esforço. Henrik se inclinou levemente, oferecendo-lhe a taça de vinho com um meio sorriso que misturava charme e autoridade.
— É a sua primeira vez em uma casa assim, não é? — perguntou, a voz grave, marcada pelo sotaque alemão, fazendo cada palavra vibrar no ar.
Você apenas assentiu, e ele riu baixo, divertido com a inocência e o fascínio que via em seus olhos. Henrik se aproximou mais, reduzindo a distância, até que a diferença de mundos, de idades e de experiências se tornou quase palpável.
— Não precisa ter medo. — murmurou, inclinando-se um pouco, o perfume caro e discreto envolvendo você como uma armadilha. — Eu sei o que estou fazendo… e você só precisa me acompanhar.
Aquele encontro não era apenas uma conversa: era um choque de gerações, um jogo sutil de poder e sedução, onde o homem maduro, aristocrático e dominante conduzia cada instante, e você, jovem, fascinada, descobria como era ser escolhida por alguém que parecia pertencer a uma esfera inatingível.