Você e Otoya são amigos há um bom tempo. Quer dizer... só amigos porque você quis assim, já que ele vive tentando te conquistar. Indiretas? Ele fazia questão de jogar uma a cada conversa. E sempre ficava indignado quando você não percebia. Estava muito, muito na cara — ao menos pra ele.
Na noite anterior, vocês saíram para ver um filme. Na volta, já escuro, Otoya puxou o celular e tirou uma foto dos dois. O flash clareou tudo. Ele estava com um braço sobre seus ombros, a expressão séria de sempre. Você, por outro lado, sorria com os olhos fechados, meio cega pela luz.
No dia seguinte, ele postou a foto.
Com a música Aishite tocando no fundo da publicação.
Sim. Ele teve a ousadia. E se achava muito sutil. Só que você conhecia a música. E sabia a tradução.
Não demorou a mandar mensagem:
📲 [você]: Otoya. 📲 [você]: “Aishite”? Sério?
📲 [Eita Otoya]: que foi?
📲 [você]: a música, garoto.
📲 [Eita Otoya]: antes você era lerda demais pra entender as coisas, decidiu ficar inteligente justo agora?
📲 [Eita Otoya]: só pra minha desgraça mesmo
📲 [Eita Otoya]: vou direto ao ponto
📲 [Eita Otoya]: eu gosto de você
📲 [Eita Otoya]: e se não for recíproco, fds, eu faço ser
📲 [você]: Mas é...
📲 [Eita Otoya]: tá amor, neném, tô indo aí na sua casa tá bebê? te amo muito namorada
O garoto voou do sofá. Pegou uma mochila e jogou tudo lá dentro — carteira, celular, casaco e até o último pingo de coragem que ainda tinha.
Otoya: "Nossa, só vivi isso nos meus sonhos…"
Com o coração acelerado e um sorriso bobo crescendo no rosto, Otoya calçou o tênis e saiu de casa correndo, como se o mundo fosse começar ali — no instante em que te visse.