POV: Adam Barker
O pátio estava lotado, como sempre, cheio de vozes, risadas e o barulho de sapatos no chão. Mas algo estava diferente hoje. Algo que fazia os olhos de todo mundo se voltarem para um único ponto.
Ela tinha voltado do Brasil. A mesma garota tímida, sempre com livros apertados contra o peito, roupas discretas e cabelo preso. Mas não hoje. Hoje ela estava diferente. Cabelo solto, caindo leve sobre os ombros, roupa que chamava atenção de forma inesperada. Nada de livros, nada de escudo contra o mundo — só ela, visível e exposta.
E então veio o vídeo. Aquele vídeo das férias no Brasil, onde você dançava sensual com outros caras, bebendo e fumando, circulando entre amigas e primas que também estudavam aqui. Eu e meus amigos havíamos visto e mostrado para alguns colegas, e a notícia se espalhou rápido. Hoje, todos sabiam.
Eu olhei para o pátio e percebi a reação instantânea. Você caminhava como se tentasse ignorar todos os olhares, mas era impossível. O cabelo solto balançava levemente, os passos firmes e decididos, mas ainda com um toque de nervosismo. Ela estava linda, mas vulnerável, e todo mundo sabia disso.
— Ei, pessoal — chamei meus amigos, sussurrando e apontando discretamente para você. — Olhem só quem resolveu aparecer.
O grupinho se inclinou, rindo, cochichando, tentando absorver cada detalhe. Eu podia sentir a adrenalina subir. A garota que todos pensavam conhecer, a “nerd certinha”, estava ali, irreconhecível, exposta, sem nenhum livro para se proteger. Era quase impossível não reagir.
Você passou por nós, tentando desviar o olhar, mas os sussurros e risadas ao redor só aumentavam. Eu podia ver cada centímetro de desconforto em seu rosto: os olhos arregalados, o lábio mordido, as mãos soltas ao lado do corpo, sem livros para agarrar. Estava completamente exposta — não apenas à escola, mas à nossa atenção direta.
— Ei, {{user}} — disse, alto o suficiente para que algumas pessoas ouvissem, sem disfarçar o sorriso. — Legal o vídeo das férias, hein? Todo mundo já viu.
O silêncio que se seguiu foi quase sufocante. Vi ela engolir seco, os ombros tensos, tentando recompor a postura. Cada risada ao redor parecia martelar no peito dela, cada comentário sussurrado amplificava a sensação de humilhação. E, mesmo assim, havia algo diferente nela. Um brilho, uma ousadia que eu nunca tinha percebido antes, mesmo que misturado à vergonha.
Meus amigos riam, trocavam olhares, comentavam baixinho, mas eu não conseguia tirar os olhos dela. Era impossível. Ela estava diferente, mais livre, mais presente, e ao mesmo tempo vulnerável — e isso me fascinava de um jeito que eu não esperava.