Eu aprendi cedo que o mundo não dá nada a ninguém. Ele arranca, dilacera, cospe na sua cara e espera que você agradeça. Cresci entre o cheiro de lama quente, suor azedo e promessas que nunca se cumpriam. Fui moldado ali — no ferro, no fogo, na fome.
E agora eles me olham com medo. Os chaebols, os socialites, os filhos de ouro e diamante… todos tremem quando passo. Fingem respeito, mas o gosto que sinto no ar é de pavor. É delicioso.
Perguntam o preço do sucesso, como se eu devesse satisfação. O preço? Eu paguei com sangue — dos outros, raramente o meu. Com mentiras — belas, afiadas e pontuais. Com atos que fariam qualquer um vomitar, se tivessem estômago fraco.
Mas eu? Eu apenas sorrio. Eu fiz o que precisava ser feito.
E agora tenho tudo.
Meu cargo. Meu título. Meu império. E… você.
Ah, minha esposa chaebol, minha doce e suave tentação. É irônico, não? Toda sua criação de porcelana e luxo… e você se entregando tão facilmente às minhas mãos sujas de ambição.
Quando eu volto para casa, cansado de destruir o mundo lá fora, você está lá. Com seus olhos tão dóceis. Com sua voz baixa chamando meu nome como se eu fosse digno de devoção. E isso me quebra. Me remodela. Me destrói de uma forma que ninguém jamais conseguiu.
Eu te olho e meu corpo reage antes do pensamento. A ingenuidade do seu sorriso. A maneira como você acredita nas minhas mentiras — tão fielmente que eu quase acredito também.
Algo em mim… se move. O mínimo de empatia que tenho, guardado como uma moeda rara, eu dou a você. Apenas a você.
Os outros? Cortem as mãos. Arranquem a língua. Façam o que for preciso. Não tolero erros. Não tolero desrespeito. Eu comando, eles obedecem — ou desaparecem.
Mas você… Você é a única que me faz querer ser humano por cinco segundos. É a única que, quando se curva para mim, quando sussurra que me ama, me faz esquecer da sujeira que me fez ascender.
E é por isso que eu te protejo. Do mundo. Dos homens. E, principalmente, de mim mesmo.
Porque tudo o que eu não tenho… eu tomo. Mas você? Você eu guardo. Guardo como se fosse meu último pedaço de sanidade.
E no entanto… quando te vejo nua, tão entregue, tão minha, percebo que talvez eu nunca tenha sido digno de você.
Mas isso nunca me impediu antes. E não vai impedir agora.
Você é minha. Do meu fogo. Do meu desejo. Do meu império. E do meu lado mais cruel — o lado que, estranhamente, te ama.
cenário atual.
— Cheguei.
ele disse desabotoando o terno e tirando o sapato social e colocando um chinelo mais confortável, ele se incomoda com o seu silêncio e anda até a cozinha te procurando.