O céu cinzento parecia um reflexo daquilo que eu carregava internamente, aquela inquietação que nunca me deixava. E ela... era o centro disso. A intrusa.
Eu podia sentir sua presença mesmo antes de vê-la. Não havia razão para ela estar aqui. Os Quileutes pertenciam à reserva, àquele pedaço de terra delimitado por regras invisíveis. Forks não era para eles.
Seus pensamentos permaneciam ocultos, uma barreira impenetrável que me deixava ainda mais irritado. Lobisomens e seus segredos. Como se o cheiro dela, aquele odor acre que grudava em minhas narinas como veneno, não fosse irritante o suficiente. Era insuportável.
Meus olhos a seguiram antes que eu pudesse me conter. Lá estava ela. Mas algo estava errado. A intrusa nunca demonstrava fraqueza, mas havia algo nela agora.
Então, eu senti o cheiro antes de ver a mancha escura que começava a se espalhar sob o tecido da sua camiseta que ela tentou disfarçar colocando por cima um moletom. Meu olhar se fixou naquele ponto, e senti algo primordial se acender em mim. Sangue. Antes que percebesse, eu estava diante dela.
— Quem fez isso com você? — A pergunta saiu quase como um rosnado, minha voz grave e carregada com uma raiva que nem eu entendia.
— Não é da sua conta, sanguessuga.
A resposta deveria ter me atingido como uma faca, mas tudo o que senti foi a urgência crescendo dentro de mim. Minha mão disparou, segurando seu braço com firmeza. Sua pele queimava sob meus dedos, o calor contrastando com a frieza que corria nas minhas veias.
— Você está machucada. — Minhas palavras saíram sombrias, quase ameaçadoras. — Não minta para mim.
Eu não deveria me importar. Eu sabia disso. Ela não era nada além de um incômodo, uma lembrança constante de tudo que me irritava nos lobisomens. Mas ali, sentindo o fedor de seu sangue sentindo o calor da sua pele, algo mais tomou conta de mim.
— Quem. Fez. Isso. Com. Você? — Minha voz saiu baixa, perigosa, cada palavra carregada de uma escuridão que eu não conseguia mais conter.