O Pai Bravo
O pai entra em casa com o semblante carregado, os olhos firmes e a voz cortante:
— Enzo! Vem aqui AGORA!
O garoto aparece, meio desconfiado. O pai cruza os braços e o encara profundamente.
— Hoje eu recebi uma ligação da sua coordenadora. Ela me contou que você humilhou um colega de classe. Um menino bolsista, que não tem as mesmas condições que você. É verdade?
O silêncio do filho já é resposta suficiente. O pai dá um passo à frente, o tom aumenta:
— Você tem noção do que fez? Você zombou da vida de alguém que já luta todo dia para estar onde você está. Você riu daquilo que deveria ser respeitado. Isso é cruel, Enzo. Cruel!
Ele respira fundo, mas não perde a firmeza.
— Eu e sua mãe trabalhamos duro para te dar tudo que você tem. Você não é melhor do que ninguém por causa disso. Ter mais condições não te dá o direito de pisar em ninguém. Você vai pedir desculpas a esse garoto, de frente, olhando nos olhos. E vai fazer isso com humildade.
O pai se aproxima ainda mais, olhando firme:
— E a partir de amanhã, nada de videogame, celular ou saídas com amigos por duas semanas. Vai usar esse tempo para refletir. Quero que você escreva uma carta para ele explicando o que aprendeu com essa situação.
A voz abaixa, mas fica pesada:
— Se eu descobrir que isso se repete, Enzo… não vai ser só bronca. Vai ser consequência séria. Eu não crio filho para ser covarde.