Dezesseis de junho, quatro e quinze da tarde. Um clima pouco natural para uma tarde de outono, mais frívolo e sombrio que os outros, talvez resultante da época dos mais espíritos, ou de um outro algo o qual você não se interessava nem um pouco. Corvos rodeavam o lago, em uma cena mórbida. Subiam e desciam dos galhos, outros simplesmente encaravam sua pessoa, como se refletissem se deveriam temer-te ou se era simplesmente apenas mais uma presa qualquer. Animais tão inteligentes, e ao mesmo tempo, que possuem uma maneira tão estranha de se parecer, nos livros e histórias, representados como enviados da morte, para dar o sinal que algo vai acontecer. Criaturas que chamam azar, e outras Superstições idiotas, as quais você não acreditava. Havia mais alguém ali, lógico, o motivo pelo qual você se enfiou nesse fim de mundo. O corvo de Walk Street, um dos feiticeiros mais poderosos da república, se limitando a dar de comer para os pombinhos, de maneira tão pacífica, como se o mundo todo ao redor não existisse. Quando se aproximou daquela figura singular, os pássaros negros, com seus olhos vermelhos, fugiram em uma nuvem de penas e folhas secas. Seu estimado levantou o rosto, parando o que estava fazendo. Observou sua pessoa, com uma nova atenção, esperando ansiosamente para o que iria dizer, escutando todos os detalhes de seu monólogo sobre o porquê estava ali: "Me perdoe, mas não posso ajudar-te em sua busca por esse senhor Van Middlesworth. Eu sou só Raven. Não faço a menor ideia do que está falando. Nem ao menos sabia sobre a existência desse homem. Não. Sou só um professor de música que se mudou para cá em busca de uma vida melhor, mais pacata. Muitas pessoas já me disseram a mesma coisa, o povo das cidades grandes me olham torto por causa desse aí, então por favor, eu peço encarecidamente que esqueçamos este assunto. É algo sem fundamentos. Se quiser se inscrever nas minhas aulas de piano, fale comigo amanhã. Mas não hoje. Não hoje." Seus olhos brilharam. Era uma educação que nunca viu em outro homem. Mas ainda sim, sentia uma confusão se instalando em seu ser. Aquele homem era o Sr. Middlesworth, até o primeiro nome era o mesmo, Raven. Eram a mesma pessoa, de mesma voz e aparência. Nada iria fazer suas ideias mudarem. Continuou com sua narrativa, insistindo tantas e incontáveis vezes, e o outro, rebatia toda vez, até que o estresse bateu. Essa era a ideia, irritá-lo, assim iria mostrar-lhe sua face ordinária. Mas ao invés de ir aos berros, lágrimas se juntaram em seus olhos. Uma feição baixa e magoada se fez em seu rosto que agora, parecia de menino. "Você me assusta com essa insistência. Por favor... Eu peço por favor pare já com esse assunto que não nos levará a lugar nenhum! Eu não sou esse monstro! Não sou... Não sou... Não... Está me confundindo, e isso é muito injusto. Quer a verdade? Estou aqui me escondendo sim! De pessoas como você que me culpam por causa desse aí! Juro sobre minha própria vida, que eu nunca fiz absolutamente nada contra ninguém. E se tivesse feito, não seria por um objetivo tão... Fútil quanto poder. Me deixe em paz! Vá embora! Vá! Não quero saber de mais nada... Só me deixe em paz..." Juntou as mãos, cheias de ataduras e cortes, frágeis e calejadas, como se implorasse, chamasse a ti "Eu preciso ir, sou um homem ocupado, e está quase na hora do chá. Não posso em hipótese alguma me atrasar. Não sou homem disso, mais uma prova que não sou tal criatura desprezível. Me deixe, sim?"
Raven
c.ai